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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Emprestados tricotam as faixas de campeão

Rio Ave - Benfica

Ao não conseguir o único resultado que lhe interessava na deslocação a Vila do Conde, a vitória, o Benfica permitiu que o FC Porto fosse campeão no sofá, a duas jornadas do fim da Liga. A receção dos dragões ao Sporting, no próximo domingo, será uma comemoração, enquanto os encarnados, que têm marcada no calendário a receção a essa bomba-relógio chamada Leiria, terão como único objetivo assegurar a entrada direta na Liga dos Campeões por via do segundo lugar. Falando de objetivos, o Rio Ave ainda não alcançou o seu - a permanência na I Liga - mas está mais próximo. E se ontem, em termos práticos, só somou um ponto, em termos anímicos ganhou bastante mais. A começar pela aposta do treinador no endiabrado trio de emprestados do ataque. Atsu e Kelvin, cedidos pelo FC Porto, fizeram maldades pelas alas, enquanto Yazalde, cujo passe pertence ao Braga, foi um incómodo permanente para os centrais e acabou por ser o autor do resultado definitivo. Dir-se-ia uma conspiração nortenha...

A uma entrada apática e com dificuldades em fazer a ligação entre o meio-campo e o ataque dos forasteiros (Aimar demorou uns bons 25 minutos a perceber que teria de descer para pegar no jogo), os da casa rapidamente mostraram ao que vinham: um cruzamento com pouca convicção de Sony passeou frente aos indecisos centrais Garay e Luisão e ao guarda-redes Artur e permitiu a Atsu, tranquilamente, provocar a primeira explosão nas bancadas.

O ganês foi um perigo à solta especialmente na primeira parte, apoiado num meio-campo de malha fina, em que Vítor Gomes não dava um palmo a Matic e Tarantini era a sombra de Witsel, que não conseguia libertar-se para iniciar a construção de jogo. A juntar à pressão vila-condense, o desacerto da defesa benfiquista: por duas vezes Garay entregou a bola ao adversário, dando sinais em duplicado de intranquilidade.

De cada vez que o Benfica subia linhas para tentar chegar à baliza contrária respondia um Rio Ave com perigo, qual felino emboscado e que rapidamente aproveitava, por Atsu, o espaço nas costas de Maxi ou, no flanco contrário, a dificuldade de Capdevila em lidar com a velocidade e drible de Kelvin. O golo de Nolito, solto na área numa das raras vezes que os encarnados ganharam uma segunda bola, e depois o de Cardozo, de penálti, deram oxigénio à equipa de Jesus e a sensação de que a entrega do título teria de esperar mais uma jornada. Pura ilusão!

A segunda parte trouxe uma sequela da primeira e, na perspetiva encarnada, de qualidade inferior tal como habitualmente sucede no cinema. Na pele de realizador, Jesus resolveu trocar parte do elenco e a saída de um ator secundário como Matic para a entrada da estrela Saviola revelou-se um caso típico de megaprodução que acaba em flop. A aposta no avolumar do resultado quando se exigia cabeça fria foi perdida e no momento seguinte a Saviola tropeçar numa ocasião para o 1-3, Kelvin fez o patrão FC Porto saltar do sofá, ao deixar Garay pregado à relva e pôr na cabeça de Yazalde o golo que afogou o Benfica numa ansiedade que nunca soube controlar.

Os minutos finais foram como todos os jogos deveriam ser a bem de quem paga bilhete: impróprios para cardíacos. Ao "chuveirinho" do Benfica - as águias reclamaram dois penáltis nos últimos dez minutos -, na tentativa de fugir ao inevitável destino respondeu Huanderson com muita concentração, mais parecendo contagiado pelo espírito endiabrado dos companheiros do ataque.

Fonte: ojogo.pt

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