Ex-benfiquista treinou o avançado no São Paulo e acredita que experiência em clube grande no Brasil vai fazer a diferença
Está confirmado oficialmente e, agora, falta perceber que papel vai ter Kelvin na segunda metade da temporada portista. Ainda sem treinar com o grupo de trabalho porque o contrato de empréstimo ao São Paulo só termina a 31 de dezembro, o brasileiro, herói do último título portista, chega depois de ano e meio de cedência onde acumulou minutos, experiências e novos conhecimentos.
O Maisfutebol quis perceber o que esperar deste Kelvin que volta a Portugal. E para isso conversou com Ricardo Gomes, que treinou o São Paulo até há bem pouco tempo.
O antigo jogador do Benfica trabalhou com Kelvin já na fase final do período de cedência, entre agosto e novembro, e deu conta do jogador que encontrou.
«No início ele passou por uma fase mais difícil, veio em crescendo. Do tempo que estive com ele vi-o sempre muito focado. Antes disso, até, fui acompanhando um pouco, devido à minha profissão, e sei que na Libertadores, principalmente, ele ‘mandou bem’», analisa Ricardo. O emblema paulista, recorde-se, chegou às meias-finais sendo eliminado pelo futuro campeão Atlético Nacional.
O treinador considera que a experiência no São Paulo serviu para melhorar tática e tecnicamente, embora tenha revelado mais facilidades no primeiro campo. «Ele é um jogador disciplinado, corresponde taticamente. Trabalhamos mais a questão técnica, que ele precisava colocar ao serviço da equipa», explica.
Para isso, salienta que foi importante Kelvin ter a cabeça limpa. O regresso ao FC Porto, que agora se concretiza, era tema tabu.
«Não me recordo de alguma vez ter escutado ele falar em voltar a Portugal, mas também não era esse o meu interesse, por isso também não falava disso. Vi o Kelvin sempre muito focado, concentrado do trabalho, empenhado em ajudar a equipa. Acho que volta num momento de boa forma. A prova de como ele foi importante na equipa é que o São Paulo queria que ele ficasse. Só não ficou mesmo porque o FC Porto pedia muito dinheiro», explica.
«Benfica? Tenho essa ligação mas torço para que corra bem ao Kelvin»
Na conversa com o nosso jornal, houve um assunto que Ricardo Gomes evitou: previsões. Mesmo salientando a evolução de Kelvin, considera que não é possível saber como vai correr esta segunda oportunidade no Dragão.
«Depende de tanta coisa», cometa. «Há jogadores que no Brasil são grandes estrelas e não conseguem adaptar-se, há outros que passam despercebidos mas lidam melhor com o estilo europeu. É sempre muito subjetivo», continua.
De qualquer forma, tem uma convicção: Kelvin chega melhor preparado, pois não é igual, mesmo no Brasil, jogar no São Paulo ou no Paraná, o clube de onde se transferiu para o FC Porto, em 2011.
«Uma coisa é certa: vai mais forte desta vez do que da primeira. Fez-lhe bem ter uma experiência numa equipa grande do Brasil. Ele nunca tinha tido. As exigências são mais parecidas com as de uma equipa como o FC Porto. Chegará certamente mais confiante. Se vai ‘estourar’ ou não já não sei. Não acho nada, mas torço que isso aconteça», garantiu.
E diz mesmo que esse desejo é indiferente à sua ligação ao Benfica, que representou como jogador nos anos 90. «Tenho essa ligação sempre, claro, mas eu não penso nessas coisas quando se está a falar do futuro dos jogadores de quem quero bem. Seja Benfica, FC Porto ou Sporting, torço para que tudo lhe corra bem, porque o menino merece», encerra.
No ano de 2016, Kelvin participou em 43 dos 70 jogos oficiais do São Paulo, sendo que em 32 deles foi titular. Jogou no Brasileirão, Taça Libertadores, Copa do Brasil e Campeonato Paulista. Marcou três golos, tantos como os que marcou na Liga portuguesa ao serviço do FC Porto. Mas, é sabido, um deles marcou-o para sempre...
Fonte: maisfutebol.iol.pt
